Bloqueio criativo: 7 dicas de como superar

Mão de pessoa branca segura caneta laranja com detalhes pratas sobre um caderno. O caderno é grosso e de capa dura e tem folhas quadriculadas.
Foto por lil artsy em Pexels.com

Entre tantos desafios vividos por pessoas que escrevem e que criam, o bloqueio é um dos piores. Esse é um dos principais motivos que leva o artista ou criador — independente da área — a engavetar seus projetos.

As consequências do bloqueio de criatividade podem variar entre o atraso da entrega do projeto, a não finalização dele e até a desistência da carreira. E é por isso que esse assunto deve ser tratado com a devida seriedade.

Se você já passou ou está passando por isso, eu tenho uma boa notícia: existem formas saudáveis de lidar com ele que não te levam a desistir de um objetivo.

Neste artigo você vai entender:

  • O que é bloqueio criativo?
  • 5 fatores que causam o bloqueio criativo
  • 7 dicas para sair do bloqueio criativo

Você também vai gostar: como aprofundar seus personagens usando as cinco linguagens do amor?

O que é bloqueio criativo?

O bloqueio criativo é conhecido como falta de inspiração para atividades artísticas, como a escrita, ilustração, composição, etc. ou que dependem da criatividade de alguma forma: redação publicitária, acadêmica, para as redes sociais e web, etc.

Mas você já se perguntou o que é inspiração?

“Talento é 1% de inspiração e 99% de transpiração.”

Thomas Edison

Você com certeza já leu essa frase em algum canto da internet, certo? Ela nos convida a repensar nosso próprio processo criativo e onde estamos colocando nossas energias.

Dito em outras palavras, a inspiração não é um ser à parte, uma entidade mística que aparece e desaparece quando bem entende, que tem vontade própria.

A inspiração é um pontapé. E ela é soma da sua afinidade com determinada área mais as referências que você já teve contato. E o resultado é a vontade de fazer um novo projeto.

Essa explicação ficou confusa? Então te dou um exemplo: se você ama tirar fotos e tem uma conta no Pinterest cheia de referências de um estilo de imagens, mais cedo ou mais tarde você vai querer fazer um ensaio seguindo as referências que mais te agradam visualmente.

Nesse caso, você sentiu inspiração para uma sessão de fotos. Mas o processo que vem a seguir: encontrar uma modelo, o local, os objetos, a melhor hora do dia e os melhores ângulos, editar as fotos, publicar: nada disso depende de estar inspirado.

Acreditar que você sempre precisa se sentir inspirado para continuar seu projeto é um erro fatal para ele. É se eximir da sua responsabilidade sobre o seu próprio processo.

Assim dito, seu bloqueio não é causado por falta de inspiração, mas sim por outros motivos. Veja a seguir:

5 fatores que causam o bloqueio criativo
1 – Falta de planejamento

Um erro muito comum de pessoas criadoras é ter uma grande ideia e, movidas pelo sentimento de euforia e eureka!, começar a executá-la sem o devido planejamento.

O resultado não é outro: muito gasto de energia e tempo para resolver falhas de execução que não existiriam se um passo a passo tivesse sido definido antes.

Na maioria dos casos, os artistas se vêem em um beco sem saída tão grande que optam por deixar o projeto de lado e começar um novo. E aí, a história se repete de novo, de novo e mais uma vez.

É importante compreender que nós, pessoas criativas, nunca teremos problema em ter novas ideias. Elas fazem parte da gente.

O problema é não conseguir se equilibrar entre aquilo que foi idealizado e o que é possível de se fazer na prática. E a organização é a ponte para essa compreensão. Se você não conseguir definir um método de criação e execução, dificilmente conseguirá finalizar seus projetos.

— Mas Ana, eu não consigo planejar tudo.

Tudo bem, eu também não. O importante é ter pelo menos uma base sólida como ponto de partida.

2 – Falta de referências/estudos

Como dito no texto da semana passada, nós somos influenciados por aquilo que vemos e ouvidos. Na elaboração de um projeto criativo não é diferente: quanto mais nos emergimos em experiências sensoriais — filmes, séries, podcasts, eventos culturais, livros, etc. — mais aumentamos nosso repertório criativo. 

Quando não temos contato com elas, o oposto acontece: nos esvaziamos de recursos que farão falta para o desenvolvimento do nosso processo. Por isso, o estudo frequente de temas e técnicas relacionados ao projeto é indispensável.

3 – Autocobrança excessiva

Deixa eu te contar uma história: quando eu tinha 16 anos, eu estava escrevendo um romance sobre Síndrome de Estocolmo. Ao mostrar para uma amiga, ela me disse:

— Termina e publica antes dos 18, já que quase ninguém consegue fazer isso. 

Era meu primeiro projeto dessa dimensão sobre um tema complexo para alguém tão jovem. Naturalmente, levaria mais de dois anos para conseguir concluí-lo. Mas eu não pensei assim na época e acabei absorvendo essa ideia. Assim, me frustrei bastante quando não deu certo.

E se você acha que parou por aí, se enganou. Em todos os projetos seguintes, comecei a estipular prazos completamente irreais, que desconsideravam minhas limitações e o contexto que eu estava vivendo. Assim, pulava de um projeto para outro — e me frustrava em todos.

Até que desenvolvi um bloqueio com a escrita e durante alguns anos a deixei de lado, investindo no teatro — em que, ironicamente, vivi o mesmo ciclo. Foi apenas quando compreendi que o problema estava na autocobrança, e não no processo, que fiz as pazes com a escrita e retomei de onde parei.

4 – Fadiga mental, exaustão

Verdade seja dita, é muito difícil conseguir viver só daquilo que se ama fazer. Para sobreviver e pagar nossas contas, precisamos nos adaptar às demandas do mercado. Por isso, pessoas criativas dificilmente têm apenas uma fonte de renda: algumas são PJ e vivem de freela, outras são concursadas, enquanto outras seguem na CLT e pegam trabalhos por fora.

Seja como for, o trabalho, unido aos compromissos da vida e ao peso da rotina, muitas vezes nos causa tanta fadiga que não sobra energia para investir nos projetos pessoais.

E assim, eles ficam encostados — e quando tentamos retomar — temos dificuldade até mesmo de concentração. O que nos leva para o tópico seguinte:

5 – Adoecimento mental

Doenças como ansiedade aguda, crise de pânico, depressão e demais adoecimentos psíquicos estão cada vez mais comuns. Uma vez que desenvolvemos alguma dessas enfermidades, toda a energia antes investida no processo criativo passa a ser consumida pelos sintomas, piorando-os.

E é por isso que é fundamental procurar tratamento com um profissional de confiança. Vale ressaltar que eu falo de um bom profissional da saúde mental: psicólogos, psiquiatras bem recomendados. Cuidado para não cair no golpe das pseudociências, pois além de não resolver seu problema, pode piorá-lo.

Uma vez identificada 5 causas do bloqueio criativo, vejamos agora 7 maneiras de sair dele:

7 dicas para sair do bloqueio criativo
  1. Entenda como sua criatividade funciona

Para ter um bom relacionamento com sua criatividade é necessário, antes de tudo, se conhecer. Estudar a si mesmo e a sua própria personalidade.

Com quais áreas criativas você tem mais afinidade? Onde quer chegar com elas? De qual prazo e do que você precisa para desenvolver suas atividades? Quais são suas dificuldades e facilidades? Como você desenvolve suas ideias? Quais são suas ferramentas e técnicas favoritas?

Você consegue responder a essas perguntas? Se sim, já é meio caminho andado. Precisamos estar sempre atentos a nós mesmos, às mudanças que acontecem dentro e fora de nós e como elas transformam nosso processo. 

Nesse sentido, recomendo mais uma vez a terapia. Um bom profissional sabe como puxar os fios corretos para te conduzir a um caminho de autoconhecimento e cura.

Pode parecer bobeira, mas não é. Existem alguns bloqueios que são causados por autoboicote, autoestima baixa, traumas e outros fatores emocionais, por exemplo. Além disso, é necessário se compreender e se aceitar para não cair no mesmo ciclo de autocobrança que eu contei pra você.

  1. Planeje bem sua ideia

Para ter um ponto de partida consistente, recomendo a técnica 5W2H. Essa sigla inglesa nomeia sete perguntas que devem ser respondidas antes de começar a qualquer processo: o quê, por que, quem, onde, quando, como e quanto custará. Vou te dar um exemplo de como essa técnica pode ser aplicada na prática.

Vamos supor que você teve uma ideia para um livro de ficção, veja como responder as perguntas a seguir:

  • O quê?

Um romance de ficção sobre uma bibliotecária de 30 anos que se descobre bissexual.

  • Por quê?

Porque é importante trazer representatividade para a comunidade LGBTQIA+ e discutir sobre a violência de gênero. O público-alvo são jovens adultos e adultos.

  • Quem?

Lúcia – protagonista

Mariana – par romântico, frequentadora da biblioteca por quem Lúcia irá de apaixonar

Mauro – antagonista, chefe de Lúcia, um homem narcisista e muito conservador

[Segue a lista de personagens principais, secundários e por aí vai] 

Eu posso fazer um texto exclusivamente sobre criação de personagens, comente se você tem interesse nesse assunto.

  • Onde?

Goiânia – GO, Universidade Federal de Goiás (campus Samambaia e Universitário), biblioteca do universitário, praça universitária, pensão onde Lúcia mora, casa de Mariana.

  • Quando

A história se passa no ano de 1990. Começa em maio e termina em novembro.

  • Como?

Serão feitas pesquisas sobre como era a vida dos anos 90 em Goiânia: as roupas, a tecnologia da época, os costumes, a cidade. Pesquisas com fotos, leitura de artigos, jornais da época, trabalho dos artistas locais, etc.

  • Quanto custará?

Custos com edição, revisão e diagramação para e-book. Será lançado pela Amazon, então não haverá custo com impressão. Fazer orçamento com esses profissionais. 

Leia também: Tive uma ideia para escrever um livro, e agora?

Além disso, existem ferramentas online, como o Trello, Notion, Google Forms, Evernote, etc. que podem te ajudar a organizar suas ideias. Caso você seja mais como a Wandinha — avessa à tecnologia — post-is, uma agenda ou um planner personalizados podem ser ótimos aliados. Você pode comprar o seu aqui.

Na primeira aula do curso de escrita criativa do Concurso Escrita em Ação, falo detalhadamente sobre essas ferramentas com tutoriais de como usá-las. Assista a partir de 01:07:21.

  1. Busque referências

Se a falta de referências é uma causa do bloqueio, a pesquisa é uma solução. Nesse caso, é importante considerar estar sempre assistindo a filmes, vídeos, séries, lendo livros, buscando por imagens, ouvindo podcasts e músicas que tenham a ver com o tema da sua narrativa

Fora esses, ler artigos, fazer pesquisas e laboratórios, conversar com pessoas que têm experiências e vivências relacionadas ao tema e pesquisar técnicas voltadas para a área do seu projeto — exercícios de escrita criativa, por exemplo — são fundamentais para estar constantemente renovando seu repertório criativo.

  1. Estabeleça uma meta

Aqui, é importante considerar metas que sejam realistas com seu contexto e com suas limitações. Para isso, tente delimitar o que você precisa fazer e em quanto tempo consegue. Uma boa tática é dividir as atividades conforme prazos. A seguir, um exemplo de como pode ser feito:

  • Curto prazo

Pesquisar sobre a profissão bibliotecária; visitar e conhecer os dois campus da UFG e a praça universitária. 

  • Médio prazo

Escrever um capítulo por semana.

  • Longo prazo

Terminar de escrever a história. Fazer orçamentos para os serviços de edição, revisão, diagramação e capa e definir o tipo de publicação. 

  1. Faça exercícios

Se ir à academia fazer exercícios é fundamental para fortalecer os músculos, exercitar a criatividade para uma pessoa criativa é igualmente importante. 

Quem já fez mentoria comigo, ou participou do curso de escrita criativa do Concurso escrita em ação, sabe que eu tenho alguns exercícios queridinhos que recomendo sempre: cinco linhas, descrição de pessoas e cenários, escrita criativa. Explico detalhadamente como e porque cada um deles deve ser feito aqui. Confira.

  1. Escreva todos os dias (ou pelo menos semanalmente)

Essa pode parecer desafiadora, mas não é. Você não precisa redigir artigos complexos, roteiros publicitários, sonetos ou teses de mestrado. Basta ter uma caderneta para anotar algum diálogo que tenha marcado seu dia, ou um pensamento repetitivo que te incomoda, alguma coisa interessante que você viu indo para o trabalho: pode parecer bobo, mas em algum momento essas anotações podem te dar o insight que você precisa para retomar aquele projeto parado.

Além disso, isso ajuda a criar o hábito de escrever com frequência.

  1. Organize seu ambiente de criação

Organizar um cantinho aconchegante, limpo, silencioso e confortável também faz parte do processo de sair do bloqueio criativo. Isso porque um ambiente agradável faz com que você queira passar mais tempo ali, além de te ajudar na concentração e, consequentemente, na produtividade. 

Dica extra: você ainda pode contratar uma mentoria. Em encontros semanais ou quinzenais de uma hora, vamos nos debruçar sobre suas ideias e projetos para desenvolvê-los juntos. Você receberá um plano personalizado com acompanhamento profissional, materiais e atividades feitas sob medida e metas; tudo do jeitinho que você precisa. Planos a partir de 150,00 por mês.

É isso aí, espero que tenha gostado do texto de hoje. Até semana que vem!

Publicado por Ana Itagiba

Escritora, editora, revisora textual formada em letras pela UFG. Produtora de conteúdo para redes sociais e web. Autora dos livros Patético Oásis, O Experimento. Idealizadora do Concurso Escrita em Ação.

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