Representatividade trans e escrita: um bate-papo com a influenciadora Diana Oliveira

Para o Dia Nacional da Visibilidade Trans, confira esse conteúdo exclusivo sobre representatividade com Diana Oliveira, influenciadora LGBTQIA+ e PCD. 

Nossa convidada Diana Oliveira

Você sabia que hoje é o Dia Nacional da Visibilidade trans? A data rememora 29 de janeiro de 2004, quando foi organizado um ato nacional para o lançamento da campanha Travesti e Respeito, em Brasília. 

De acordo com Associação Nacional de Travestis e Transexuais, o Brasil segue liderando as estatísticas de violência contra essa população das mais diversas formas: desde a falta de acesso à escolarização até a marginalização e exclusão social. 

E é por isso que essa discussão é urgente e necessária.

Representatividade e mídia

Aqui na EC, apesar do foco ser voltado para a literatura e a escrita, a gente defende que a mídia como um todo tem um papel fundamental em recontar histórias.

As representações midiáticas — sejam elas na literatura, em novelas, séries ou programas de TV — são responsáveis por perpetuar estigmas ou desconstruí-los. E é por isso que precisamos ter cuidado sobre como decidimos retratar certos grupos sociais.

Porque se fizermos um bom trabalho, podemos desconstruir preconceitos e ajudar a sociedade a se tornar mais igualitária. Mas se não tivermos responsabilidade, podemos colaborar para que a violência se perpetue — e isso custa vidas inocentes.

Pensando nisso, convidamos Diana Oliveira para um bate-papo cujo objetivo é ajudar você, escritor ou roteirista, a estar por dentro das atualidades e temas que precisam ser pensados na criação literária.

Neste texto, você vai conferir:

  • Quem é nossa convidada Diana Oliveira
  • Erros comuns na criação de personagens trans e PCDs
  • Dicas de como criar personagens trans e PCDs
  • Indicações de leitura

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Nossa convidada Diana Oliveira
Diana, conta pra gente um pouco mais sobre você: de onde você é? O que você faz? Compartilha um pouquinho da sua história pra quem ainda não te conhece.

Sou de Alto Piquiri no Paraná. Atualmente sou criadora de conteúdo. Nasci aqui mesmo no Paraná e com 15 anos fui morar em São Paulo. Com 18 anos, comecei a trabalhar na C&A, onde eu fazia cartões. 

Lá adquiri experiência e persuasão em vendas. No começo da minha transição, na descoberta da Diana, em um momento difícil, fui trabalhar como operadora de telemarketing, que era a única área que na época dava oportunidade de trabalho para pessoas trans. 

E um pouco depois, fui para área da beleza; trabalhei na Nyx e depois fui para Sephora trabalhar como promotora de marcas. Na pandemia, fiquei desempregada logo no início. E depois comecei a trabalhar para L’oréal, onde agora eu me encontro afastada pelo INSS, por conta do câncer e amputação da minha perna.

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Então você é produtora de conteúdo? Como foi que tudo isso começou?

Sim, hoje crio conteúdo no insta. Tudo começou depois da minha amputação e minhas dores. O que eu estava passando no momento. Buscar uma rede de apoio como pessoas como eu me ajudou muito a ter vontade de não me esconder e mostrar quem eu sou e o que passei.

Como criadora de conteúdo, imagino que você deva estar sempre por dentro das atualidades do mundo LGBTQIA+, certo? Então conta pra gente um pouco sobre a representatividade na mídia.

A representatividade é importante porque há sempre pessoas como você, e às vezes as pessoas se encontram sem alguém para se inspirar. As pessoas da comunidade LGBTQIA+ ainda precisam de mais visibilidade, ainda mais as pessoas PCDs. É muito importante você ver alguém como você na TV, nas redes sociais. Isso te ajuda a se sentir mais pertencente ao mundo.

De forma geral, a preocupação com a representatividade está cada vez maior. Você acha que essas representações são bem-feitas na mídia? 

As representações na mídia estão acontecendo, mas ainda não de forma igualitária. Todos têm que ter espaços e igualdade. E todos merecem visibilidade. Ainda existe muito preconceito e muita resistência para personagens e pessoas trans na mídia. E também acho que as marcas precisam ser aliadas das comunidades de minorias no ano inteiro, dar mais espaço para elas. Não só em datas comemorativas.

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Quais são os erros mais comuns que escritores e roteiristas de série cometem ao retratar personagens trans ou PCD?

O erro que a grande maioria comete é sempre remeter personagens trans e PCDs como pessoas “coitadinhas”, “ exemplo de superação”. E tratar como exemplo de superação é um tipo de capacitismo, já que a pessoa acaba sendo reduzida sempre a esse lugar.

Pessoas trans e PCD não são só isso, elas têm suas histórias, seus romances, hobbies, trabalho, etc. Elas são autoras da própria vida tanto quanto quaisquer outras.

Quais dicas você dá para quem pretende escrever ou já escreve sobre transexualidade e PCD?

A primeira coisa é sempre buscar referências em pessoas reais. Ouvir o que elas têm a dizer, não ignorar as redes de apoio que tratam sobre esse tema. 

Quem vai escrever sobre isso também tem que estar atento ao que acontece, ligado em informações das redes sociais e saber o que está acontecendo, quais discussões estão em alta. 

Pesquisar o que as pessoas dizem sobre isso no Twitter, no Tiktok e no Instagram, por exemplo, ajuda bastante. Porque são pessoas diferentes com pontos de vista diferentes, mas que amadurecem a discussão.

Também é legal assistir filmes, documentários e ler livros bem recomendados e seguir pessoas que falam sobre isso.

E, por fim, deixa aqui uma recomendação de livros e de autores pra quem quer entender melhor esse tema. 

Esses três livros que eu vou indicar a seguir são livros que me ajudaram muito a entender o que se passava comigo durante a transição e depois a recuperação do câncer. 

Eu acho que eles podem te ajudar a entender um pouco mais sobre essas mudanças e transformações também:

Muito obrigada pela sua colaboração, Diana! Deixa aqui suas redes sociais pro pessoal conhecer seu trabalho e te seguir:

Vocês podem conhecer meu trabalho pelo meu Instagram. Deixo o convite para me seguirem por lá.

Publicado por Ana Itagiba

Escritora, editora, revisora textual formada em letras pela UFG. Produtora de conteúdo para redes sociais e web. Autora dos livros Patético Oásis, O Experimento. Idealizadora do Concurso Escrita em Ação.

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